Ano novo. Sejam todos bem vindos mais uma vez!

As novidades da passagem de ano: Um brasileiro ganhando a São Silvestre, a posse da Presidente Dilma e a marca dos Jogos Olímpicos de 2016.

É até difícil fazer uma análise isenta da “logomarca” das Olimpíadas de 2016 depois do que nos apresentaram para a Copa de 2014. Mesmo assim farei algumas considerações a respeito do símbolo a presentado nas últimas horas de 2010.

A primeira associação que fiz entre as marcas da Copa e das Olimpíadas, foi o gradiente nos elementos humanoides. Este recurso serve dá volume à figura, fica “bonito”, mas como fora usado no símbolo do mundial de futebol, com as mesmas cores, também sobre formas bem curvilíneas. Por conta disso minha primeira reação foi “que merda!”.

Passado o impacto inicial, resolvi dar uma nova chance ao logo. Percebi grande semelhança entre esta marca e a dos Jogos Pan-Americanos de 2007: as formas humanoides lembram muito uma revoada de pássaros, compondo a silhueta dos morros do Pão de Açúcar e da Urca. A parte nominativa, Rio 2016, usando uma fonte com jeito de “calçadão da praia”, é um pouco “ingênua”, mas legível.

Na marca de 2007, o Corcovado, junto com o Pão de Açúcar, mais a praia de Copacabana, formam a imagem de um pássaro. Repetindo-se cinco vezes este desenho, também temos uma revoada. Só nunca ninguém me explicou porque 2007 foi quebrado (200 vertical + 7 horizontal).

A tridimensionalidade é uma característica obvia da marca Rio 2016. Não pelo gradiente, mas a dinâmica das curvas e a sobreposição dos elementos, aliadas às contra formas do fundo branco já me trouxeram uma sensação de volume antes de eu saber que existe uma representação sólida e tridimensional do símbolo.

Porém, se não forem planificados outros ângulos de visualização da peça física, a tridimensionalidade perde um pouco seu sentido.

Copa de 2014

Pan 2007

Rio 2016 3D

Quanta a comparações com logos adotados em outras edições dos Jogos Olímpicos, sejam os jogos de verão ou de inverno, devo lembrar que, embora a tentação seja grande, é impossível fazermos este tipo de análise. A concepção do projeto da marca de um evento, principalmente mundial e com um intervalo tão grande entre as edições, depende de vários fatores culturais, além das características do evento em si:

  • Primeiramente consideramos as características locais, sem descartar a “globalidade” do evento. Neste caso temos o relevo da cidade sede, representando a união de povos;
  • Na sequência, abordamos a “moda” da época. Dê uma olhada nos pôsteres de outras edições olímpicas, e veja como sentimos bem o clima de cada período histórico. Talvez, ainda faltando meia década para os jogos, os organizadores tenham se precipitado em lançar a marca. O que é “bacana” em 2011 pode ser ridículo em 2016;
  • Os meios tecnológicos para reprodução gráfico-industrial também são importantes. Com certeza, aquela peça apresentada pelos organizadores do evento, não foi modelada por mãos humanas. Tipografia, litografia, off-set, fotocomposição, computador, realidade virtual. Mesmo quem conhece as características de cada um desses recursos, consegue perceber a diferença olhando os pôsteres antigos.
  • O último fator relevante, é lembrarmos que uma marca sozinha não faz o evento. Principalmente nas últimas duas décadas isso se tornou fundamental. Todo o projeto gráfico, desde a sinalização dos recintos, passando pela publicidade e o merchandising, chegando até as medalhas, tudo nasce a partir dos elementos da marca decomposta.

De maneira geral, achei a marca bastante interessante. Não digo “linda e maravilhosa”. Mas também está bem longe daquela aberração gráfica e conceitual que nos apresentaram em julho. Esperemos os cinco anos até os Jogos Olímpicos pra ver como os projetos complementares evoluem.

Quanto ao processo de escolha, não li o edital nem o briefing. Não faço ideia do que foi proposto. Não sei se o concurso foi ao “novo estilo ADG” ou se foi mais democrático. E até onde eu sei, o juri final contava com “profissionais da área gráfica”. E espero que entre os mais de 140 concorrentes não houvesse apenas agências de publicidade, mas também escritórios de design e designer autonomos.

Mais uma vez, um ótimo 2011 a todos.