De maneira geral, odeio romances literários. Com poucas exceções, não tenho paciência para acompanhar histórinhas sobre as aventuras incríveis de alguém. O que gosto mesmo de ler são livros técnicos e teóricos sobre design, tipografia e áreas correlatas.

Tirando a maioria dos autores sobre tipografia e alguns poucos livros (não digo nem “alguns autores”), os textos brasileiros sobre design e áreas afins são muito chatos. Diferente de boa parte das publicações estrangeiras, sejam estadunidense, europeias, japonesas ou latino-americanas, o material tupiniquim costuma ser teórico de mais e didático além do necessário.

Os autores brasileiros não desenvolvem narrativas em seus textos. A leitura não tem rítimo. Quem escreve recorre de mais a citações e referências de outros, como se não tivessem autoridade prática para sustentar suas afirmações. Parece que esses autores nunca trabalharam de verdade. Que se tornaram professores logo após a faculdade, imendando mestrados, doutorados e pós-doutorados às suas atividades, sem experimentar todo seu conhecimento acumulado.

As obras brasileiras parecem seguir a risca os manuais de monografia  que toda faculdade tem. Dá-se mais importância normas ABNT para trabalhos acadêmicos do que ao entendimento do interlocutor.

Minha teoria? A muito tempo percebo um defeito cultural de nós brasileiros: a partir do momento que você escolheu sua área de interesse, todo resto obrigatoriamente torna-se nebuloso. Quem desenha não escreve; quem escreve não faz conta; quem faz conta não serra uma tábua; quem serra uma tábua não cozinha; quem cozinha não joga bola; quem joga bola escreve. Como se uma atividade impedisse outra.

O patamar elevado que os auto-denominados intelectuais se colocam é outro motivo para este problema literário. “Sou inteligente e estou compartilhando um naco de minha cultura, portanto seja grato e você tem a obrigação de gostar. E se não entendeu o que  escrevi, azar seu”. E muitas vezes, este “naco de cultura” é muito interessante e útil. Mas por si só, não prende o interesse do leitor, nem garante fácil assimilação.

Não citarei autores que agem com este decaso, ou indicar excessões. Certamente cometeria injustiças. Apenas reintero que a maioria dos autores sobre tipografia brasileiro redige textos interessantes. Os outros, plublicam informações relevantes de forma metódica e monótona.

Quando este problema acabará?