Em mais de 15 anos lendo e acompanhando quadrinhos de super-heróis, nunca me perguntei, até semana passada, o que realmente torna alguém um herói? Esta é uma daquelas questões que paracem óbvias de responder. Todo mundo diz mais ou menos a mesma coisa. Mas pouca gente já pensou seriamente sobre isso.

Semana passada circulou na internet a foto de um sujeito sem os os dois braços, carregando uma carriola amarrada em seus ombros, com a legenda “Força de Vontade – Essa é pra você que acordou hoje reclamando da sua vida”. O cara não estava com uma cara de feliz e estava descalço e sem camisa. Ou seja, pela imagem não se pode afirmar que ele superou qualquer adversidade pela própria persistência. Possivemente as condições que o desmembraram permanecem as mesmas e ele não teve escolha nem força para mudar a situação.

Na nossa sociedade é comum acreditarmos que, só porque alguém se acidentou, não importam as consequências, só de sobreviver isso já o torna um exemplo a todos nós. Aliás, parece que quanto maior a desgraça maior o mérito. Não importam as multilações e deficiencias permanentes, ou quantas pessas perderam a vida e nem mesmo o estrago psicológico. Se sobreviveu, virou herói.

Há muitos anos a palavra “herói” foi banalizada. Segundo o Pedro Bial, os participantes do BBB são heróis. Muita gente rebate esta afirmação dizendo que alguém que que cria cinco filhos com um salário mínimo, ou que acorda cinco horas da manhã e pega trê onibus lotados para chegar ao serviço, é que merecem tal honraria. Mas para mim nenhum deles é herói. Nem quem ganha salário mínimo, nem que ganha um milhão por mês. Afinal, cada um só está cuidando da própria vida da melhor forma possível. Cumprir as próprias obrigações não é nada extraordinário.

Olhe a sua volta: para você o que é mais importânte, um parabéns sincero pelo seu desemprenho profissional, a satisfação do cliente final, ou a possibilidade de crescimento de carreira e, consequentemente, de aumento salarial? Se você não vislumbrar um futuro promissor pouco importa se o seu chefe ou o cliente estão satisfeitos com seu desempenho. O que nteressa mesmo é o “leitinho das crianças”.

E mesmo os “caridosos”, são reríssimos os casos nos quais se sujeitam às mesma contições dos carentes que ajudam. Você acha que os médicos das missões humanitárias da ONU comem a mesma comida dos refugiados que eles atendem?

É dificil pensar em quem seria um “Grande Herói da Humanidade” atualmente. Não vejo alguém salvando o mundo de um grande mal. Nem o presidente dos EUA, nem o Pelé e nem mesmo um navegador solitário estão prparados para impedir o fim do mundo. Ninguém tem super-poderes ou recursos ilimitados.

Heróis existem em casos isolados, como uma pai que pula numa corredeira para salvar um filho ou alguém que para para ajudar um pessoa em dificuldade numa estrada. “Ser herói é estar no lugar certo na hora certa”, ou seja a ocasião e a situação criam um herói, que em seguida volta ao seu amonimato rotineiro.

O bom exemplo de alguém deve ser seguido mas não devemos cultuar a pessoa. Isso tornaria tudo uma meta a ser alcançada, um ideal distante, não uma motivação para melhorarmos. Siga o exemplo ao invés de citá-lo

Ou sej, atos heróicos existem, mas não existem heróis.