Não sei estão acompanhando essa história, então resumirei-a:

No final do ano passado, a Gradiente anunciou que lançará em 2013 uma linha de smartphones, com sistema opracional Android, chamada IPHONE.

Mas como assim!? Este nome não pertence à Apple?

Não no Brasil: em 2000, a Gradiente entrou com um pedido de registro da Marca IPHONE. Segundo a empresa o nome é a junção das palavras “internet” e “telephone”. E em 2008, o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), o órgão oficial resposável por registro de marcas e patentes no Brasil, ligado ao Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio, concedeu a propriedade do nome à Gradiente.

Porém, em 2007, a Apple lançou seu mundialmente famoso iPhone. Demorou um tempo (não me lembro quanto) para o produto chegar oficialmente no Brasil.

Devido à quase falência e outras “dificuldades do tipo”, a Gradiente não conseguiu desenvolver a sua linha de “internet phones” por anos. Ela chegou a lançar um aparelho celular com o nome de IPHONE em 2000, mas só em 2012 a empresa conseguiu entrar no mercado de smartphones, e resolveu que era hora de relançar a sua marca.

Em meio à toda a polêmica, a Gradiente divulgou o vídeo explicativo abaixo para apresentar a sua “versão da história” (coisa que a companhia californiana ainda não fez):

E a polêmica ganhou mais força ontem, quando o INPI confirmou, que para todos os usos relacinados à telefonia móvel, o nome IPHONE no Brasil pertence à Gradiente e não a Apple.

Em sites, blogs e fóruns que tratam principalmente do assunto “tecnologia”, está acontecendo um grande bate-boca entre os “paga-paus da Apple” e os “anti-Brasil”, que esculacham a nossa pátria em exaltação à companhia da “maçã mordida”, e os “xenofóbicos”, que jamais comprariam o aparelho da Gradiente, mas que adoram gritar “Fora EUA”. Uma discussão que não levará a conclusões práticas nenhuma.

Agora, eu que tenho um Samsung Galaxy S II, o qual não pretendo trocar nem por um aparelho Apple e nem por um aparelho Gradiente, tenho a ver com tudo isso? Simples, eu consigo enxergar qual o verdadeiro absurdo de toda essa polêmica:

Por que demorou oito anos para o INPI registrar uma marca? Demorou tanto que até “furaram a fila”!

Mais importante que qualquer discurso“anti-imperialista” ou que denigra o Brasil, temos que atacar o real problema: a burocracia excessiva. Se alguém quer dizer que falta seriedade no Brasil então que argumente certo: com processos de registro de marcas e patentes tão demorados, não existe segurança jurídica para as empresas brasileiras. Se o processo de registro durasse entre seis e oito meses, como está escrito no site do próprio INPI, a Gradiente estaria protegida contra o “imperialismo Yank”.

Mas alguém pode dizer que as coisas melhoraram de 2000 pra cá. Eu digo que não: nem me lembro mais se foi em 2007 ou 2008 que entri com um pedido de registro de marca. Desde então, toda terça-feira entro no site do INPI e procuro na Revista da Propriedade Industrial se o meu registro foi aprovado ou negado. Até agora não obtive nenhuma resposta definitiva.

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