O Brasil foi campeão. E agora?

O povo está tomando as ruas e exigindo dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), nas três esferas (federal, estadual e municipal), que chegue a todos nós os benefícios de vivermos num país que deixou de ser um dos “lazarentos do Terceiro Mundo” e se tornou uma das grandes potências econômicas.

Queremos não só transporte barato e de qualidade para ir ao trabalho, estudar ou mesmo ir até os novíssimos estádios “padrão FIFA”.

Exigimos também educação decente para todos, da qual não se meça a qualidade de uma escola pelo número de aprovados na Fuvest ou na Unicamp, mas que forme cidadãos instruídos e pensantes. Pessoas que aprendam a importância de não frear bruscamente um carro numa curva sob a chuva e que saiba a importância de não votar no candidato mais ridículo.

E a saúde? Qual a atual diferença entre ser atendido pelo SUS ou ter um pagar um plano de saúde? A única que vejo é que se você esquecer a carteirinha, o particular lhe negará atendimento. De resto, os convênios estão cada vez mais com hospitais e pronto socorros cada vez mais lotados. As consultas estão mais difíceis de marcar. Os planos lhe negam exames, cirurgias e até internação. Realmente, os dois sistemas, público e privado estão cada vez mais parecidos.

Melhorar a segurança acaba sendo consequência das outras melhorias. Não dá para exigir que uma criança sem o direito de sonhar queira ser algo melhor que um traficante ou assaltante.

Corrupção? Essa não dá para exigir mais do que a prisão dos condenados. Não só do mensalão, mas também de todos os prefeitos e secretários que foram “pegos com a boca na botija”. De resto, precisamos esperar até o ano que vem para faxinar as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional.

Mas e a Copa das Confederações?Sinceramente, não existe motivo para não comemorar. Não é uma Copa do Mundo, então não precisa exagerar no buzinaço. Mesmo assim, temos de reconhecer que a molecada jogou bem e venceu com mérito. Não dá nem para dizer que foi roubado.

Futebol existe em todos os países do mundo. Até nos lugares com plena justiça social e de população “friamente chatona”, como a Suécia e a Noruéga, o povo vibra com os gols dos seus craques. Então não podemos continuar acreditando que porque não temos tudo que precisamos, também não temos direito a alegria.

Acho que a seleção só não disputou as eliminatórias da copa passada na em Londres e no Qatar porque não é permitido pela FIFA. E a Copa das Confederações nos trouxe de volta a satisfação de torcer pelo Brasil nos nossos campos. Pois até isso tiraram de nós.