Embalagens longa-vida são maravilhas tecnológicas da industria alimentícia. Além da conservação do conteúdo, o pouco espaço que ocupam quando vazias, a facilidade do envase e praticidade de transporte e armazenamento após a finalização do produto são as outras principais vantagens das “caixas de leite”.

Porém, mesmo sendo recicláveis, as embalagens longa-vida são um grande problema ambiental. As caixas são compostas de várias camadas de papel, alumínio e plástico. Existe uma máquina que separa esses materiais, mas ela é cara e poucas cooperativas tem uma. Embora a legislação federal obrigue que cada fabricante seja responsável pelo descarte correto das suas embalagens, nenhum órgão ambiental realmente obriga que essa lei seja cumprida. É o tipo de coisa que merece um boicote do consumidor (mas ninguém mais tomaria leite, nem vaca e nem de soja).

Outro problema na reciclagem das caixas longa-vida é o mesmo de quase todas as embalagens de comida: é preciso lavá-las antes de descartá-las. Resto de comida apodrece e contamina o seu recipiente, muitas vezes, outros materiais dentro do mesmo saco. Além de impossibilitar o reprocessamento das matérias-primas também oferecem risco à saúde das pessoas que fazem a triagem manual nas cooperativas de catadores. Ou seja, só separar do lixo orgânico não adianta e muitas vezes é ainda pior.

É preciso planificas e abrir as embalagens longa-vida para lavá-las adequadamente. Levantam-se todas orelhas da caixa, depois ela deve ser achatada e cortam-se três laterais e ela vira uma folha com um lado impresso e outro prateado. Depois de descontaminá-la é preciso esperá-la secar antes do descarte, para que não mofe.

No processo de envase, um pouco do produto se deposita nas orelhas da base. Então elas realmente precisam ser desmontadas para serem lavadas adequadamente. Observe as duas caixas de suco abaixo:

Embalagens longa-vida: a da esquerda é bem mais difícil de desmontar para reciclar.

Para desmontar o fundo da caixa da esquerda é preciso aplicar um pouco de força, tomando cuidado para não rasgá-la totalmente. É tentador cortar o fundo inteiro fora sem desfazer as orelhas.

As orelhas da outra caixa ficam expostas. É bem mais fácil descolá-las, portanto corre-se menos risco de destruir a embalagem. Pessoalmente, eu olho este detalhe quando compro leite.

Outra característica que influi na minha escolha do leite é se a caixa tem uma tampinha plástica. Não é só mais fácil de abrir, mas também evita cortar aquela pontinha que acabará não sendo reciclada.