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A foto deste painel hoje inundará a TV, as redes sociais e a internet em geral. Outra vez o futuro chegou.

Nos anos 80 e 90 era comum filmes e livros ambientados no futuro projetarem uma data específica para marcar um evento que mudaria o mundo radicalmente. Lembro-me bem, em 1997, quando cheguei a escola e todos os colegas estavam na expectativa da Skynet a URSS com uma chuva de mísseis nucleares. O contra-ataque arruinaria toda a civilização humana. 29 de agosto daquele ano entraria para a História como o Dia do Juízo Final. Essa era essência da série O Exterminador do Futuro.

E foi assim em todas as outras obras do movimento Cyberpunk. O movimento cinematográfico e literário que previa um futuro terrível para a humanidade. Cidades super povoadas dominadas por gangues high techs ou cenários desertificados de um mundo pós apocalíptico.

A União Soviética acabou. A Guerra Fria congelou (pelo visto nem tanto). O Cyberpunk saiu de moda.

Na segunda parte da trilogia De Volta para o Futuro, a lógica da viagem temporal é invertida: ao invés de retornar ao passado (como os outros dois filmes da série) para mudar o presente, eles avançam para o século seguinte. Marty McFly e do Dr. Emmett Brown não encontram um mundo devastado e caótico. 21 de outubro de 2015 é um dia comum e sem nenhum fato histórico mundial relevante (até agora, pelo menos). Hoje a dupla de viajantes do tempo vieram apenas impedir que o filho de McFly andasse com a galera da pesada (que para os padrões de hoje, não seriam considerados bandidos por muita gente). Ironicamente, as ações da dupla no dia de hoje é que transformaram a época nativa deles num cenário cyberpunk.

Talvez este seja o único filme futurista não violento ou utópico focado num personagem melancólico, ou utópico que é tomado pela violência (o Demolidor, de 1993). Mesmo assim, não nos tornamos o que o diretor Robert Zemeckis imaginou: a Pepsi não vem em embalagem de xampu, os fliperamas ainda são jogados com o uso das mãos, a franquia Tubarão não chegou ao seu 19º episódio, as roupas não se secam e nem se ajustam sozinhas, os tênis não se amarram sozinhos, os carros não voa, os skates não flutuam e nem os patinetes se transformam em skates facilmente. No ano passado, a Mattel e a Nike prometeram lançar edições comemorativas dos seus produtos mostrados no filme (mas até agora nada).

Provavelmente nosso mundo está bem mais próximo do que o movimento Cyberpunk previu: tecnologia incorporada em tudo; enormes grupos de pessoas fugindo a pé e em veículos precários da guerra e da fome, em busca de um mundo utópico; aos poucos a Guerra-Fria volta a esquentar; a degradação ambienta gera secas, deixa cidades cobertas por nuvens de poluição; o transito nas metrópoles estão cada vez mais parados; as gangues dominam territórios com armas pesadas e usam explosivos para roubar bancos. Mas ainda tenho esperança que o mundo se torne mais ‘Jetsons’  do que ‘Blade Runner’.

Ainda me lembro do lançamento de De volta para o Futuro parte 2 em 1989, quando o Bom Dia Brasil disse que ele começava exatamente onde terminava o filme anterior. Mas não me lembro quando o assisti pela primeira vez. Em fim, esse filme é verdadeiro clássico, daqueles que nunca ninguém se cansará de ver.