Enquanto escrevia o último post lembrei de outro jogo do Atari que não repete as fazes num loop contínuo com dificuldade progressiva. Apesar de Pitfall tecnicamente ter um final, o game só termina quando acaba o tempo.

Pitfall não foi icônico como Pac-Man ou Donkey Kong. Não tinha tema musical nem personagens carismáticos, mas era muito mais desafiador.

Um carinha de roupa verde, com cabelinho de reco percorria um circuito militar de obstáculos, saltando buracos, toras (rolantes ou estáticas, e ao encostar nelas perdiam-se pontos), cobras, fogueiras, poços de piche e lagos. Uns escorpiões (que pareciam crânios) viviam no subsolo, onde também havia paredes de tijolos impedindo o jogador de percorres todas as telas por baixo. Também existiam prêmios (anéis de diamante, barras de ouro e sacos de dinheiro) que davam pontos (não me lembro quantos eram necessários para ganhar uma vida).

Havia duas formas de atravessar os lagos e poços de piche: ou balançado-se sobre eles num cipó ou correndo quando eles se fechavam (até hoje quero entender a lógica disso). Uns tinham a corda, outros abriam e fechavam e em outros, ambos. Alguns lagos tinham três jacarés, pelos quais o personagem poderia pisar nos olhos para atravessar (mas se caísse sobre a boca aberta morreria). Esses lagos com jacarés não se fechavam e poderiam ou não ter uma corda para balançar.

Você começava o jogo com dois mil pontos, duas vidas extras e vinte minutos para completar o percurso. Nunca contei o número exato de telas, mas são muitas, cada uma combinando os elementos de maneira diferente. E o mais curioso: embora o cenário orientasse o personagem a seguir da esquerda para a direita, podia-se inverter o circuito indo para a esquerda, enfrentando os obstáculos ao contrário. Definitivamente Pitfall não era um jogo entediante ou repetitivo.

Em outros títulos da franquia, o protagonista de Pitffall deixou de ser um milico em treinamento e virou um explorador tipo “Indiana Jones”. O game teve versões para quase todos os consoles até hoje (só joguei a do Nintendinho). No Play Station 1 existia uma fase secreta onde acessava-se o jogo original.

Acho que só consegui completar o circuito todo já adulto, jogando num emulador para Windows (e foram poucas vezes). Retornado a tela inicial, não há qualquer mensagem de vitória. Você recomeça o percurso e vê até onde consegue chegar antes que o tempo se esgote e o personagem pare de correr (sem nem uma musiquinha comemorando a façanha).
pitfall