Semana passada fui a um shopping almoçar com um amigo. Na sequência, entramos numa loja de brinquedos. Ele procurava estava escolhendo o que daria a uma sobrinha.

Num corredor de carrinhos, apontei aleatoriamente (sem nem notar onde estávamos) e sugeri “por que não dá um desses para ela?”. Meu amigo, com cara de estranhamento, respondeu que aquilo não era brinquedo de menina. Eu rebati e questionei quem havia determinado isso. Ele não soube responder e eu também fiquei sem argumento e a polêmica morreu aí.

Dias depois, percebi que naquele momento quase debatemos a Questão de Gênero. Este assunto gerou muita polêmica durante o ano, quando cogitou-se abordá-lo nas escolas. Muita gente desinformada achava que se trataria de “apologia ao homossexualismo”, mas na verdade é algo bem mais simples: o que define uma brincadeira como “de menino” ou “de menina”? O papel que cada um terá na vida adulta. Assim bonecas servem para meninas treinarem a maternidade. Mesmo que muito pai hoje, mais que “ajudar em casa”, crie filhos pequenos sozinho, seria absurdo um garoto brincando com uma “Meu Bebê”.

Coisa de homem é V8, então meninos brincam de carrinho e meninas não. Neste ponto meu amigo vira um exemplo prático do quanto este conceito está defasado: aos 36 anos, ele tem pânico de dirigir. Fez até aqueles treinamentos para habilitados perderem co cagaço. Timidamente começou a perder um pouquinho do medo. Já a esposa dele não só é a motorista oficial da casa, como antes de conhecê-lo fazia trilhas de jipe. Essa é uma atividade que exige, além de habilidade, conhecimento mecânico. Formariam o casal mais excêntrico do mundo, se isso não fosse completamente normal hoje em dia.