Não me lembro do lançamento de Nevermind 20 anos atrás. Aliás, naquela época, as novidades do Hemisfério Norte demoravam para chegar por aqui. Só sei que um dia Guns & Roses deixou de ser a banda sensação e só se falava duma tal de Nirvana.

Lembro-me de ver na TV uma propaganda de um disco, onde um nenê nadava pelado atrás de uma cédula de dolar, presa num anzol. E um dia minha irmão chegou em casa com aquele LP de capa azul.

Em todo lugar que se ia tinha alguém com uma camisa de flanela amarrada na cintura ou uma calça xadrez parecendo pijama. Era o tal do Movimento Grunge ditando a moda de uma década que começou dividida entre tons pastéis e cores fluorescentes. Uma visual bem menos extravagante do que se via na década anterior, porém com um pequeno grau deprecivo. Era uma época na qual os ideais que atravessaram o século começaram a perder importância, e outras lutas ainda não ocupavam o coração dos jovens. O hino desta geração: Smells Like Teen Spirit.

Nesta época, ainda estava longe de definir meu gosto musical. Experimentei de tudo que fosse possível ouvir. Tudo mesmo. Não detalharei o que, mas fique a vontade para imaginar…

Mas, num final de semana de 1994, dois amigos meus me obrigaram assistir quatro vezes o especial sobre a morte de um tal de Kurt Coubain. Eles tentavam gravar o programa que passava na MTV. Mas a novidade tecnológica da época, a TV a Cabo, da casa da avó de um deles não estava ligada ao vídeo cassete. Não importa, a lavagem cerebral já estava completa, e meu gosto musical finalmente definido. A partir daquele momento comecei a curtir Rock.

Depois disso, experimentei outras vertentes do Rock: Pop Punk, que levou a conhecer o Punk Rock, que levou ao Hard Core, ao Ska. Também conheci o Havy Metal, Hard Rock, Psycodélico, o Rock Brasuca, a Surf Music, o Rock a Billy, e a alguns outros estilos que estou com preguiça de lembrar agora.

Fui em shows de todos os tamanhos. Comprei muitos CDs (incluindo o Nevermind). Baixei muito MP3. Conheci muita gente. Fiz muitos amigos. Me diverti muito em boa parte das últimas duas décadas.

Quando falamos da importância de algo como um disco, pensamos apenas em números de vendas. Não consideramos o impacto que aquele álbum teve diretamente na vida de cada um de nós. E no fundo é isso que realmente importa.

Com a internet e o MP3, e (principalmete) também com a facilidade de se duplicar um CD com qualidade nos anos 90, não vimos mais nenhum álbum, banda, ou mesmo música com um impacto tão grande na cultura pop. Pelo menos nada tão durável, em gênero algum (não só no rock).

Como Smells Like Teen Spirit é muito manjada, e já postei seu video clip aqui no blog, deixo a baixo a segunda faixa mais manjada do álbum Nevermind, “Come as You Are”. Também neste vídeo aparece o nenê “pescado” da capa do disco.